Esta semana 24 jovens de 10 assentamentos rurais cearenses vão aprender a usar equipamentos audiovisuais como câmeras e filmadoras e a manusear softwares de edição de vídeo e som. Os jovens vão utilizar as técnicas da linguagem audiovisual para atuar como comunicadores populares da Reforma Agrária.

Os participantes estão em assentamentos nos Territórios da Cidadania Sertões de Canindé; Inhamuns-Crateús; Vales do Curu e Aracatiaçu; e Cariri. O encontro, que começou na segunda-feira (25) e termina na sexta-feira (29) no polo de produção audiovisual da Academia de Ciências e Artes (Acartes) no município de Itaitinga (CE), é o segundo de quatro módulos do Curso de Formação de Comunicadores Populares da Reforma Agrária.
Neste módulo os participantes começam a criação de roteiro e o planejamento para produção de um vídeo. “A ideia é que nesse momento os jovens capturem as primeiras imagens dos vídeos que serão produzidos durante o projeto” explica Claudia Cavalcante, integrante da Acartes. “Os vídeos podem ser tanto de ficção como documentário e a ideia é que ao final do projeto eles circulem nos assentamentos e em eventos culturais”, conclui.
Produção intensiva
O curso é intensivo e os participantes ficam hospedados durante a semana no polo de produção audiovisual da Acartes, um sítio no município de Itaitinga que possui inclusive uma cidade cenográfica.
Durante os quatro módulos do curso, que termina em outubro, os jovens passarão por todas as etapas de produção de um vídeo, desde a criação do roteiro, passando pelas filmagens, até a edição das imagens. Os participantes também vão poder atuar na frente das câmeras.
O curso faz parte do Projeto Arte, Cultura e Comunicação: fortalecendo os Territórios da Cidadania, que visa a criação de uma Rede de Comunicadores Populares da Reforma Agrária nos Territórios da Cidadania, chamada Rede Comunicampo. Por meio da rede, jovens assentados com acesso à internet e munidos de equipamentos digitais poderão produzir conteúdos sobre sua realidade e a de sua comunidade.
“A inclusão de atividades na área de comunicação popular é mais um passo significativo no sentido de possibilitar aos jovens novas oportunidades de formação e de geração de renda, junto com o objetivo de contribuir na apropriação das novas mídias, não só como consumidores de conteúdo, mas como produtores de conteúdo sobre sua realidade, o seu universo”, explica Silma Magalhães, coordenadora do Projeto Arte e Cultura na Reforma Agrária (Pacra), desenvolvido pelo Incra no Ceará e responsável pela criação e financiamento do projeto, a partir de recursos da Secretaria de Desenvolvimento Territorial, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SDT/MDA). “A proposta é que esses jovens deem continuidade a essas atividades nos seus assentamentos, através da rede Comunicampo”, conclui.
Experiência de Pirambu
Para realizar a capacitação dos jovens o Pacra convidou a organização não governamental Acartes, Ponto de Cultura que atua na comunidade do Pirambu, bairro da periferia de Fortaleza, e no município de Itaitinga, por meio da capacitação de jovens nas linguagens artísticas do cinema e vídeo, das artes plásticas, do teatro de palco e de bonecos.
Nas outras duas etapas do curso, a serem realizadas em agosto e outubro deste ano, os participantes irão aprender técnicas de edição de vídeo, com uso de softwares e contato com ilha de edição de imagens. No primeiro módulo, realizado em junho, os participantes aprenderam a produzir programas de rádio para a internet e mídias impressas alternativas, como o fanzine.
Pontos de Cultura e a Rede de Comunicadores Populares
Um primeiro passo para a formação da rede de Comunicadores Populares da Reforma Agrária foi a instalação de Pontos de Cultura dentro dos assentamentos de reforma agrária, o que possibilitou aos jovens assentados o acesso a equipamentos digitais e internet, criando as condições de produção de conteúdos. Os projetos foram instalados nos assentamentos a partir de articulação do Pacra junto ao Ministério da Cultura (Minc), responsável pelo programa Pontos de Cultura, iniciativa que financia e apoia ações sócio culturais desenvolvidas em comunidades rurais ou urbanas.
Criado em 2003, o Pacra apoia grupos artísticos de assentamentos cearenses com articulação junto a entidades públicas ou privadas financiadoras projetos culturais, por meio de editais. Atualmente, 40 grupos artísticos de assentamentos de reforma agrária são apoiados pelo projeto, divididos em grupos de teatro, dança, circo e cultura popular. O Pacra também auxilia na conquista do recurso que permitiu a instalação de Casas de Cultura nos assentamentos de Mucuim, no município de Arneiroz, Todos os Santos e Tiracanga, ambos em Canindé.