História da Educação no Assentamento Santana

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A luta pela educação em Santana sempre esteve articulada com a luta para viver no campo com dignidade. Desde a desapropriação da terra que as famílias começaram a se preocupar com a educação de seus filhos, discutiram desde então, como conseguir uma escola. Foi em uma dessas discussões que decidiram criar uma comissão formada por pais, educandos, coordenador do assentamento e educadores para reivindicar a construção de uma escola no Assentamento.
 Em 1987 o prefeito municipal Valdemar Dias Cavalcante foi procurado pela comunidade para a conquista da escola, porém o mesmo negou esse direito. No entanto, a luta continuou. O Assentamento procurou o sindicato e o INCRA e após várias reivindicações, a escola foi conquistada em 1988. A chegada desse ponto da nossa caminhada multiplicou a nossa responsabilidade e o compromisso de lutar pelos direitos, por um projeto democrático que passa pela educação que é um direito universal (ARROYO, 2004).
No ano de 1988 a escola começou a funcionar com turmas de creche à 4ª série. Alguns anos depois conseguimos conquistar a 5ª série, portanto, os jovens não precisavam mais sair da comunidade para ir à cidade. Os educadores continuaram seus estudos e, aos poucos, foram se formando.
 A partir de um processo de votação em que todas as famílias participavam no Assentamento Santana, a escola passou a ser denominada pelo nome de Escola São Francisco de Assis, devido à crença religiosa dos assentados por serem devotos de São Francisco. Dessa forma foi acatada a opinião dos assentados quanto ao nome da escola, o que demonstra uma questão importante no processo educativo, ou seja, o resgate e respeito aos valores culturais e humanistas do povo (SANTOS, 2005).
Todas as nossas conquistas do Assentamento não foram dadas, mas construídas no dia-dia a partir do movimento dinâmico da história, ou seja, a partir do enfrentamento das necessidades e da busca de sua satisfação. Foi assim que conseguimos o Ensino Médio. No ano de 2002, um grupo de educadores juntamente com as companheiras e companheiros do assentamento apoiados pela cooperativa, começaram a descobrir alternativas com o objetivo de superar alguns problemas da educação. Esse grupo de educadores reunido em assembléia, colocou a proposta de reivindicar dos órgãos públicos o ensino médio para o assentamento. Os sócios e sócias concordaram com a idéia e desde então, esse grupo de educadores com a ajuda do presidente da Cooperativa não evitaram esforços para conseguir implementar o ensino médio no Assentamento.
Depois de uma longa trajetória de luta, em 19 de maio de 2002 a sala de aula foi aberta, mas anexada às Escolas Estaduais Vicente Ribeiro do Amaral e Governador Adauto Bezerra situada na sede da cidade de Monsenhor Tabosa - CE. E em 2006 conseguimos implantar o curso profissionalizante do 3° pedagógico também anexo as referidas escolas acima citadas .
A estrutura física da escola é muito precária, pois, não contempla a quantidade de educandos matriculados. Visto que, além de atender comunidade local, a mesma atende as comunidades e assentamentos vizinhos e educandos de outros municípios. As aulas funcionam em locais inadequados como: igreja, garagens e galpões.
Diante de algumas limitações e dificuldades os educadores estão trabalhando a proposta da educação do campo, a partir da proposta do MST que segundo Arroyo et. al (2004:82) o projeto de educação básica do campo “tem de incorporar uma visão mais rica de conhecimento e da cultura, uma visão mais digna do campo”.
Partindo dessa ótica precisamos articular questões concretas e incorporar no currículo do campo os saberes que é literalmente necessário para preparar para o trabalho, produção e, sobretudo para a realização plena dos sujeitos sociais. (Idem) Nessa perspectiva a escola tem espaços educativos diversos, dos quais destacamos: horticultura, viveiros, arborização e ambiente virtual de aprendizagem. São espaços educativos considerados importantes para todos aqueles que pensam em uma educação do campo emancipatória e numa sociedade diferente sem exclusão. Através de muitas lutas em Dezembro de 2007 o Assentamento conseguiu a aprovação do projeto de construção física de uma escola. Com um valor aproximadamente de dois milhões e quinhentos reais.
Compartilhando da proposta de que a gestão deve ser um processo de responsabilidade coletiva, a escola do assentamento tem as seguintes instâncias: Coletivo de Educação do Assentamento composto por 12 pessoas, Direção Coletiva da Escola, Núcleos de Base do Assentamento, Coordenação dos Núcleos de Base da escola, Coletivos de Educadores/ Educadoras e Assembléia Geral.
Santana na sua história de muita luta e enfrentamento de dificuldades, vem construindo um projeto de Educação do campo, ou seja, um projeto campesinato voltado ao contexto ambiental do povo camponês. Na perspectiva de que a teoria e a prática caminhem juntos, conforme FREIRE (2005) onde a escola ultrapasse as cercas e muros, considerando que e os educandos são sujeitos que têm saberes heterogêneos que se mesclam e se transformam.

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